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Como reverter a crise no setor de construção civil a partir da transformação digital

* Por Rogério Sortino 

 

Investir em tecnologia da informação em um mundo que está sendo dominado pelas ferramentas digitais é essencial para a sobrevivência de qualquer negócio, ainda mais em meio a crise sanitária atual que está afetando diversos setores. Em comparação com outras indústrias, infelizmente, o setor de construção civil ainda está extremamente atrasado no que diz respeito à transformação digital e a realidade é que a maioria dos pequenos comerciantes nunca fizeram delivery nem contam com estrutura de drive-thru.  

 

O cerne da questão está em entender o porquê o setor é um dos menos digitais do mundo e somente agora, na pandemia, está se movimentando para fazer a transição digital. Segundo dados de um estudo feito em abril de 2016 pela consultoria McKinsey, que analisou diversos setores de mercado e o nível de digitalização de cada um,  o setor de construção civil só não é menos digitalizado do que o da pesca e da caça.  

 

Os dados da consultoria ainda revelam que, se investir em tecnologia, o setor brasileiro pode melhorar sua produtividade em 50%, pois agrega inovação e tecnologias na construção otimizando os processos produtivos.  É importante frisar que o processo de digitalização do setor deve acontecer desde os escritórios às equipes que estão nos canteiros de obras. A mudança nas corporações precisa acontecer de forma ampla dentro das instituições, e não somente com determinados grupos específicos de cada empresa.  

 

Gerar resultados a partir da tecnologia vai muito além do que implementar um software avançado nos processos internos, é preciso entender que a transformação digital precisa causar impacto em todas as áreas  de uma empresa, uma mudança cultural profunda que consiga acessar todas as camadas de gestão.  

 

É importante ressaltar também que, mesmo em meio a pandemia, o setor é um dos que mais está gerando empregos. Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia indicaram um aumento substancial na criação de empregos no setor.  No primeiro trimestre de 2021, o crescimento chegou a 264%, em comparação ao mesmo período do ano passado. No acumulado, foram 111.987 novos postos gerados no setor, contra 42.092 nos três meses iniciais de 2020.  

 

Para 2021 é esperado que o PIB do setor cresça 4%, um percentual de desempenho acima da própria economia brasileira e um recorde nos últimos 8 anos, segundo projeções da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).  

 

Em um ano que já vem sofrendo efeitos de 2020, investir na digitalização do setor reforça o compromisso de retomada da economia no país. O saldo positivo na geração de novos empregos é um dos caminhos para reforçar essa ideia. Entender as novas dinâmicas do mundo e acreditar na potência das ferramentas digitais e na internet das coisas é um avanço que o setor precisa exercitar urgentemente. O mundo está em constante mudança, e quem não fizer a transição digital, certamente, ficará para trás.  

 

*Rogério Sortino é CEO no Brasil da multinacional italiana Kerakoll, voltada a itens de construção civil com o selo GreenBuilding de baixo impacto ambiental.